Cuidado com os cuidadores

Um assunto um tanto delicado de se abordar é esse aqui. Os cuidadores. As pessoas que nos auxiliam no cuidado com nossas crianças, sejam quem for. Funcionários de casa, funcionários do trabalho, babás, e até mesmo nossos parentes.

O primeiro aspecto que poderia chamar a atenção aqui é a questão de segurança. Quem nunca viu vídeos de cuidadores desatentos no celular enquanto crianças morrem afogadas?

Ainda falando de segurança, quase sempre as pessoas que chegam até nós, pais, para trabalharem com nossos filhos, trazem consigo segredos que jamais seriam revelados em uma entrevista ou teste de emprego.

Mas o ponto que quero abordar de fato aqui é o que essas pessoas podem ensinar aos nossos filhos.

Já parou pra pensar que naquele seu momento de tranquilidade, ou de descanso, ou mesmo de trabalho, quando você optou por dar autonomia ao seu funcionário pra cuidar dos seus filhos, tudo o que você construiu pode ir por água abaixo?

Gosto muito de observar comportamentos dessas pessoas quando estou com minhas filhas em parques ou na área comum do prédio, ou shopping, enfim, quando estou em momentos de lazer com as meninas. E infelizmente não tem me agradado o que tenho visto.

O primeiro problema é a distração. Muitos pais acreditam ter resolvido isso ao proibirem o uso dos smartphones pelos funcionários. Nos primeiros dias a regra parece ser lei severa, e não usam. Mas o tempo vai passando, e um dia eles garantem que foi necessário usar. E como a “lei” foi descumprida e não houve punição, o “crime” volta a acontecer com frequência, e cada vez mais perdemos o controle. Afinal, aquelas pessoas estão usando de nossa confiança, e por isso quase nunca averiguamos o cumprimento das regras.

Imagine que você fez vários cursos de disciplina positiva ou de formas de criar seu filho com amor, evitando comportamento agressivo. Aí sua babá desce para o playground do seu condomínio e lá conhece outra babá, e logo vem outra, e logo a rede está formada. Aqui eu tenho visto dois problemas: a distração e a autonomia.

Ali em cima falei da distração relacionada à tecnologia, mas aqui parece ser até pior. Já vi babás de papo enquanto crianças se machucavam nos brinquedos, momento que eu procurava pelos responsáveis por elas. “Ah, mas criança cai mesmo, se machuca.” Pode realmente ser coisa simples, mas pode ser coisa mais grave onde a presença do adulto poderia evitar piores consequências. E criança quando se machuca procura logo uma referência para se apoiar. E as babás lá, de papo.

Sobre a outra consequência: seu filho (não esqueçamos: eles são crianças, eles erram, fazem coisas que não deveriam fazer, eles estão aprendendo) faz algo que não deveria e você, que fez os cursos e viu muita gente ensinando o que você considera correto, acolhe, abraça, explica, explica de novo, sem agressão. Mas sua babá não fez os cursos que você fez. E se fez, as outras provavelmente não fizeram, o que pode às vezes a deixar constrangida de acolher seu filho diante do mal comportamento. Então ela grita (quando ela percebe, porque o papo estava tão bom que elas, deitadas no chão da brinquedoteca trocando segredos pessoais e íntimos) e ameaça seu filho.

Exagero? Vai lá e veja!

Nesse fim de semana, num parque em frente ao meu condomínio, quando as babás se reuniram no feriado municipal para uma reunião, com forro na mesa, lanche coletivo (pra elas!) e tudo mais, enquanto garotos pequenos chutavam uma bola próximos da rua. Pra sorte de todos, o mais próximo que a bola chegou enquanto eu estava lá, foi de cair na rua entre os carros estacionados. Se eu ouvi algum grito de “cuidado com o carro, menino!”? Não! Se alguma delas (devia ter umas vinte) acolheu a criança que correu pra rua atrás da bola e explicou o risco de se fazer isso? Não! Se alguma delas teve a ideia de levar os garotos para chutarem a pequena bola em local mais seguro? Longe da confraternização? Nem pensar! Pra se ter ideia, minhas filhas de 4 e 6 anos se assustam quando vêem muitas dessas cenas.

Não dá pra controlar tudo, nem garantir a segurança ou educação dos nossos filhos o tempo todo, mas não acho certo terceirizar 100%. Na sua empresa você também delega, mas verifica, checa, verifica de novo, verifica sempre. Na sua casa também deveria ser assim.

Sejamos o apoio que nossos filhos buscam.

Até mais, e bons sonhos!

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