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O que tem aqui?

Oi, pessoal!

Que legal que você chegou aqui. Tenho escrito algumas coisas lá no Instagram, mas tem hora que é legal escrever mais histórias, e histórias maiores, e que possam ajudar você e as crianças na sua relação, na medida em que algumas coisas que deram certo (ou errado) com minhas filhas possam servir de parâmetro aí.

É o que você deve encontrar por aqui de agora em diante.

Bora!?

Bons sonhos, aliás, boa leitura!

Filhos e trabalho remoto: criando novas histórias

As primeiras reações que vi, ouvi, li ou percebi, lá no início da quarentena, deram um ar de preocupação.

Parecia que muitos pais não estavam confortáveis com a ideia de estarem 24 horas com seus filhos. Parece cruel, e insensível, mas não sejamos insensíveis.

Muitos de nós tem a paternidade ou maternidade sendo construídos dia após dia. Somos pais e mães em formação, e não podemos nos condenar (ou condenar o vizinho) pelos erros.

Bom, partindo deste “combinado”, sigamos.

Os casos mais comuns envolvem um convívio mais próximo dos pais e filhos o dia todo somente no momento “bebê” da criança. É quando abrimos mão das outras coisas pra nos dedicarmos a quem, de fato, precisa dessa dedicação. Lá vem história!

Mas, de repente, uma onda nos atinge, como um tsunami, e nos coloca ilhados em nossas próprias casas. Meu Deus! E com nossa família! Meu Deeeeus!

Aquele ritual que fazíamos não era mais o mesmo. E praticamente ninguém estava de férias. Acordar cedo, tomar café, escovar os dentes, tomar banho, se arrumar, levar pra escola, trabalhar, buscar na escola… Tá, pode ser uma rotina diferente da que você levava. Talvez você nem se lembre dela, mas era uma rotina. E você nem fazia ideia de como essa rotina era saudável…

Aí você começou a perceber o papel da escola, e uns até pediram socorro. Vieram as aulas online, e você não sabe se ficou melhor ou pior (Um assunto que rende muuuuuita coisa, mas não pra agora). 

Láááá no fundo você esperava que fosse algo rápido, mas não aconteceu. Seu trabalho foi enviado pra casa. Sim, é isso mesmo. Uns levaram equipamentos pra casa, outros tiveram que adaptar os seus, mas o equipamento não era o problema. Pelo menos não era o maior deles…

Criança ociosa pede atenção

Aqui está o segredo de muitos desdobramentos dessa relação.

Quer mais? Você está em casa, mas não está totalmente disponível. Explique isso pro seu filho de 3 anos.

Pras crianças, papai e mamãe em casa era significado de atenção plena. Geralmente eram férias ou fins de semana, mas agora era todos os dias. As pessoas, no início, completamente isoladas com medo de contaminação. Então, o cérebro que esperava atenção plena, brincadeiras, leveza, perderam a referência. 

Muitas coisas se explicam com palavras. Muitas outras com ações. Mas havia um meio termo.

É aí que entram as histórias…

Histórias são usadas, normalmente, como entretenimento. Não muito estranho os contadores de história se fantasiarem, usarem música como acessório, tirando o foco do texto, às vezes. Nada contra. Se o intuito é entreter, valem diversos recursos.

Mas as histórias são, como costumo dizer, uma “via de mão dupla”. De um lado, o fluxo tradicional de como conhecemos as histórias. O adulto conta algum conto, atrai a atenção da criança, a deixa entretida, e todo mundo sai feliz, a depender do final da história.

Como saber se trecho de rodovia é mão única ou dupla

Na outra via, os filhos contam histórias pros adultos, e com elas um monte de sentimentos, alegrias, sonhos, frustrações, e até pedido de socorro.

Sério? Isso tudo? Nunca percebi.

Quantas vezes contei uma história pras meninas abordando um tema, digamos, sensível, mas usando livros (dê uma olhada pra ver quantos abordam temas delicados) ou mesmo criando minhas histórias, de forma a fazer com que associassem alguns pontos que eu julgava mais delicados. E funcionava…

Em uma reunião de negócios, onde eu apresentava meu aplicativo para uma rede de educação que pretendia anexar histórias minhas em seus conteúdos, minhas filhas interromperam o diálogo com algumas demandas extremamente “sérias”. Papai, a minha irmã falou que eu não posso usar o lápis verde dela. Mas papai, meu verde tá acabando. Acham que me senti envergonhado? Constrangido? Claro que não. Todos ali sabiam do meu papel de pai, do meu ambiente familiar misturado com o ambiente de negócios, e deixei claro que aquilo não me incomodava, e que eu esperava que não os incomodasse também. Acho que foi a “cereja do bolo”. Acho que queriam alguém que fosse “de verdade”.

Mas então, estamos aqui ouvindo esse papo até agora esperando umas dicas

E quem não gosta de umas dicas?

Dicas podem ser difíceis de digerir, mas vamos lá: estabelecer uma rotina nova foi primordial aqui em casa. Sim, com horários, com atividades pré-definidas, com regras.

De tantas atividades sugeridas por especialistas e mais especialistas, nas milhares de lives mundo afora, acabamos experimentando coisas mais simples, mesmo antes das sugestões.

A criatividade virou o centro das atenções. Brincar com o que se tem, pular corda, ainda que a corda seja virtual, correr sem sair do lugar, esconder onde todos sabem, amassar a canela na quina da mesa da sala, pra depois se lembrar de arrastá-la para um canto. E por aí foi. Está indo. Vai.

E papel. Como o papel teve um papel importante aqui em casa. Desenhos, cores, dobraduras. Sei lá. Deixamos as crianças criarem. Eles são bons nisso. Percebam. 

Aos poucos as coisas foram se ajeitando. Se encaixando. O estranho passou a não ser tão estranho assim. 

Já pensou em pedir que seus filhos, de forma individual, contassem uma história de uma criança (aí você adapta a realidade da sua família. Se tem irmãos, avós, sei lá) em quarentena?

Talvez possa te mostrar os pontos que estão incomodando, pra você buscar solução. Talvez. Não tem regra. Nem manual. Tem que tentar. 

O que eu gostaria é que você visse as histórias, a contação de histórias, aquele recurso que se usa há tanto tempo (com sucesso!) como sendo algo simples, fácil e gratuito pra você preencher alguns espaços, e que pode te ajudar também no que eu prego e prezo para que ocorra entre pais e filhos: conexão.

Pra complementar, te faço um desafio: faça o teste que sugeri, e grave um vídeo me contando. Vai ser ótimo saber.

Bons sonhos!

O que te move, papai e mamãe?

Uma das coisas mais importantes, quando encaramos qualquer desafio, é pensar o “por que” daquilo.

Por que vou entrar nessa?

Vou exemplificar: “Renato, por que você fez o CONTATÓRIA de graça e ofereceu pra quem quisesse baixar?”

Num primeiro momento, poderia me apegar a um sentimento mais vago, dizendo que era pra ajudar outras pessoas. Assim, sem nome, sem rosto, sem idade, sem local. Só mesmo restringindo à língua portuguesa.

Mas depois, com o passar o tempo, fui conhecendo pessoas, e o propósito de conhecer e me relacionar com outros pais, mães, avós (adoro um feedback de um vovô ou vovó), ou mesmo com as crianças para quem tive o privilégio de contar histórias.

Mas ainda assim era vago, concorda?

O fato de ser meio vago acabava enfraquecendo minha motivação para continuar. Eu tinha 14 histórias no aplicativo, recebia boas avaliações e elogios, mas era só. Eu não me sentia motivado o tempo todo. Não que eu quisesse estar motivado o tempo todo, mas queria não ter vontade de desistir vez ou outra…

Mas aí veio o “click”. Essa foto resume tudo, mas posso tentar traduzir para quem não pode vê-la.

Programa “Tá Logado”, TBC, Goiânia-GO.

Na foto, uma reexibição de uma participação minha em um programa de TV, falando do CONTATÓRIA, obviamente. No foco, minhas filhas sentadas, olhando fixamente ao que viam e ouviam.

Os olhares de encantamento, o sorriso espontâneo, o abraço depois do programa. O orgulho evidente e escancarado.

Isso significa muito pra mim. 

É por elas. Sempre foi. Sempre será. Nunca foi por mim. Nunca foi por vaidade. 

Colocar o rosto no projeto nunca foi meu objetivo, tanto é que lá no começo eu nem aparecia. Mas isso de “mostrar a cara” tem valor pra elas. Elas sentem orgulho do pai que faz algo que os colegas gostam. 

Outro dia fiz uma live no instagram da escola delas, contando história, e elas mal se continham de tanto orgulho e empolgação.

É por isso.

Essa história é minha, mas te peço para se apoderar dela para poder transpor pra sua vida e encontrar seu objetivo, especialmente aquele relacionado à sua paternidade ou maternidade. 

Bons sonhos!

Cuidado com os cuidadores

Um assunto um tanto delicado de se abordar é esse aqui. Os cuidadores. As pessoas que nos auxiliam no cuidado com nossas crianças, sejam quem for. Funcionários de casa, funcionários do trabalho, babás, e até mesmo nossos parentes.

O primeiro aspecto que poderia chamar a atenção aqui é a questão de segurança. Quem nunca viu vídeos de cuidadores desatentos no celular enquanto crianças morrem afogadas?

Ainda falando de segurança, quase sempre as pessoas que chegam até nós, pais, para trabalharem com nossos filhos, trazem consigo segredos que jamais seriam revelados em uma entrevista ou teste de emprego.

Mas o ponto que quero abordar de fato aqui é o que essas pessoas podem ensinar aos nossos filhos.

Já parou pra pensar que naquele seu momento de tranquilidade, ou de descanso, ou mesmo de trabalho, quando você optou por dar autonomia ao seu funcionário pra cuidar dos seus filhos, tudo o que você construiu pode ir por água abaixo?

Gosto muito de observar comportamentos dessas pessoas quando estou com minhas filhas em parques ou na área comum do prédio, ou shopping, enfim, quando estou em momentos de lazer com as meninas. E infelizmente não tem me agradado o que tenho visto.

O primeiro problema é a distração. Muitos pais acreditam ter resolvido isso ao proibirem o uso dos smartphones pelos funcionários. Nos primeiros dias a regra parece ser lei severa, e não usam. Mas o tempo vai passando, e um dia eles garantem que foi necessário usar. E como a “lei” foi descumprida e não houve punição, o “crime” volta a acontecer com frequência, e cada vez mais perdemos o controle. Afinal, aquelas pessoas estão usando de nossa confiança, e por isso quase nunca averiguamos o cumprimento das regras.

Imagine que você fez vários cursos de disciplina positiva ou de formas de criar seu filho com amor, evitando comportamento agressivo. Aí sua babá desce para o playground do seu condomínio e lá conhece outra babá, e logo vem outra, e logo a rede está formada. Aqui eu tenho visto dois problemas: a distração e a autonomia.

Ali em cima falei da distração relacionada à tecnologia, mas aqui parece ser até pior. Já vi babás de papo enquanto crianças se machucavam nos brinquedos, momento que eu procurava pelos responsáveis por elas. “Ah, mas criança cai mesmo, se machuca.” Pode realmente ser coisa simples, mas pode ser coisa mais grave onde a presença do adulto poderia evitar piores consequências. E criança quando se machuca procura logo uma referência para se apoiar. E as babás lá, de papo.

Sobre a outra consequência: seu filho (não esqueçamos: eles são crianças, eles erram, fazem coisas que não deveriam fazer, eles estão aprendendo) faz algo que não deveria e você, que fez os cursos e viu muita gente ensinando o que você considera correto, acolhe, abraça, explica, explica de novo, sem agressão. Mas sua babá não fez os cursos que você fez. E se fez, as outras provavelmente não fizeram, o que pode às vezes a deixar constrangida de acolher seu filho diante do mal comportamento. Então ela grita (quando ela percebe, porque o papo estava tão bom que elas, deitadas no chão da brinquedoteca trocando segredos pessoais e íntimos) e ameaça seu filho.

Exagero? Vai lá e veja!

Nesse fim de semana, num parque em frente ao meu condomínio, quando as babás se reuniram no feriado municipal para uma reunião, com forro na mesa, lanche coletivo (pra elas!) e tudo mais, enquanto garotos pequenos chutavam uma bola próximos da rua. Pra sorte de todos, o mais próximo que a bola chegou enquanto eu estava lá, foi de cair na rua entre os carros estacionados. Se eu ouvi algum grito de “cuidado com o carro, menino!”? Não! Se alguma delas (devia ter umas vinte) acolheu a criança que correu pra rua atrás da bola e explicou o risco de se fazer isso? Não! Se alguma delas teve a ideia de levar os garotos para chutarem a pequena bola em local mais seguro? Longe da confraternização? Nem pensar! Pra se ter ideia, minhas filhas de 4 e 6 anos se assustam quando vêem muitas dessas cenas.

Não dá pra controlar tudo, nem garantir a segurança ou educação dos nossos filhos o tempo todo, mas não acho certo terceirizar 100%. Na sua empresa você também delega, mas verifica, checa, verifica de novo, verifica sempre. Na sua casa também deveria ser assim.

Sejamos o apoio que nossos filhos buscam.

Até mais, e bons sonhos!

Você conhece os professores do seu filho?

Oi, pessoal!

Ainda estamos no mês que comemoramos o dia dos professores.

Tenho visto pessoas se manifestando em relação aos professores, e o que consigo perceber é que muitos sequer conhecem os professores que orientam seus filhos.

Tenho maiores observações em relação aos primeiros quatro anos escolares, uma vez que minhas filhas estão vivendo esta fase. Aliás, que fase boa, não? Pinturas, desenhos, atividades ditas fáceis, e que muitos acham até bobas, mas certamente não são. Hoje mesmo minha caçula (de 4 anos) comentou, enquanto fazíamos a tarefa (ou dever) de casa: “Por que a tarefa da Mila (6 anos) tem tanta coisa e a minha só tem desenho?”. Eu dei aquela resposta básica “porque ela está no Nível 2 e você no Maternal”, prontamente aceita.

Quantos de nós procura de fato entender as etapas pedagógicas que nossos filhos são submetidos para podermos avaliar a qualidade da informação que nossas crianças estão recebendo na escola? Acho que pouquíssimos. A maioria de nós tende a comparar com crianças da mesma idade que estudam em outras escolas. Mentira?

Eu conheço BEM a professora titular e as coordenadoras da escola das meninas. Buscamos conhecer, ver a postura, valorizar uma repreensão, entender como elas trabalham e, acima de tudo, valorizar e respeitar seu trabalho.

Mas isso não quer dizer passar a mão na cabeça sempre. Não mesmo!

Quando algo parece estranho, e nós percebemos que algo está estranho porque temos conexão com nossas filhas, logo pedimos um tempo para a coordenadora e relatamos o que estamos percebendo para tentarmos JUNTOS resolver qualquer eventual problema.

E quer mais? As professoras das meninas sabem muito bem quem são seus pais. Sabem que gostamos de ler pra elas, de jogar com elas, de incentivá-las com atividades criativas em casa. Sabem que somos a “Família Contatória”. Sempre que acontecem eventos na cidade relacionados à infância ou educação, contamos a elas e sugerimos que participem.

É muito importante fazermos parte da vida dos nossos filhos. Dentro e fora da escola.

Até a próxima, e bons sonhos!

Conexão pai e filho

Outro dia estava “de molho” em casa em razão de uma lesão no cotovelo. Lá pelas tanta um par de homens chegou pra entregar uma mesa.

Não sei bem porque, mas um deles começou a me contar a história do relacionamento dele com os filhos. Se é história, topei.

Me falou do caçula, que tem 4 ou 6 anos, não me lembro, mas é uma criança. Quando falava dele, citava o nome, se emocionava.

Do outro, adolescente, sempre se queixava, e jamais tocou no nome dele. Era o “outro”.

Haviam se mudado para uma cidade próxima a Goiânia pra, no meu entendimento, blindar o “outro” das más influências e de eventuais problemas.

Comecei a captar que o problema talvez não estivesse no filho, mas no pai e em sua relação com ele. Mas continuei ouvindo até que ele parou e ficou me olhando, como se esperasse um feedback. Perguntei a ele se queria minha opinião, e mais que depressa ele aceitou.

Antes de continuar perguntei se ele estava realmente disposto a ouvir minha opinião, pois poderia ser algo que não o agradasse. Ele concordou, e bora lá.

Agora vou falar como falei com ele… Aliás, vou mudar a cor do texto pra facilitar…

“Cara, você claramente gosta mais do seu caçula. (aqui ele meio que concordou, mas meio impressionado)
Você me fala com carinho dele, disse o nome dele quatro vezes, mas não sei ainda o nome do ‘outro’.

E, cá entre nós, é muito mais fácil gostar de uma criança na idade do seu caçula. Ele pula em você quando chega em casa, ele brinca, ele faz de tudo pra ter você por perto, pra ter seu amor. Ele é mais fofo, ele sorri, te faz sentir bem.

Presta atenção nessa palavra: CONEXÃO.

Você tem conexão com ele, e ele com você. Assim é tudo mais fácil mesmo.

Mas o ‘outro’ também é seu filho. Você se lembra disso o tempo todo ou ‘chuta o balde’ diante de um confronto, de uma porta fechada, de quando ele te ignora e não te ouve? (aí só se ouviu aquele ruído de quando se engole algo que não estava esperando)

A partir de hoje, quando chegar em casa, olhe pra ele e diga pra você mesmo: eu te amo do mesmo tanto que seu irmão.

Pode soar estranho, mas repita esse exercício cada vez que o encontrar. Mesmo com a porta fechada. Mesmo sem resposta dele. Mesmo que você não receba nenhum olhar, ou mesmo que o ouça resmungando.

Você deve se convencer que ama seus filhos da mesma forma.

Uma pergunta que vale a pena se fazer, mesmo que pareça forte demais é: “se alguém vier levar um filho meu hoje, eu vou escolher qual deixarei levar ou vou lutar para que os dois fiquem?”

Vá pra casa – continuei – e tente se conectar com seu filho mais velho. Você me disse que, quando vai a um jogo de futebol dele, fica cobrando melhor rendimento dele o tempo todo. E mais: na ida e na volta também.

Conecte-se com seu filho.

Chegue em casa, vá até seu quarto e dê um abraço ou um beijo, e saia.

Comece sem palavras.

Daqui uns dias, chame-o para um picolé. Só vocês dois. Mas não diga nada que pareça cobrança.

Toda cobrança que você fizer pra ele agora não terá menor efeito. Pelo contrário, provavelmente ele fará tudo ao contrário, só pra ter sua atenção.

Sem conexão, a conversa não funciona.

Sem conexão, nada funciona.

Não adianta correr para uma cidade pequena fugindo dos problemas, pois você sempre levará o problema com vocês, pois o problema não está no local onde moravam. E em relação ao traficante, se isso era uma preocupação, onde você for terá um. Triste, mas verdade.

Você vai perceber quando for a hora de falar com ele, mas pode ser que nem precise mais cobrá-lo por nada, depois que estiverem conectados.

Quer mais um conselho?

Começe HOJE.

Assim terminei meu diálogo com ele, talvez com uma palavras a mais ou a menos, mas com a mensagem transmitida, um pai emocionado e pronto para tentar mudar.

Na verdade, dois pais emocionados, pois me senti uma ferramenta de transformação na vida de um desconhecido, e isso me fez muito bem.

Até por isso esse blog faz mais sentido. Não faço ideia de quem possa ler, mas se alguma coisa pode ajudar alguém, que seja!

Por hoje, só isso.

Bons sonhos!

O famoso “tempo de qualidade”

Não pretendo incluir novo termo no seu dicionário da paternidade ou maternidade. Todos aqui sabemos muito bem, pois já ouvimos de diversos entendedores que o importante não é estar o tempo todo com as crianças, mas que o tempo junto deles seja um tempo de qualidade.

Basicamente se remete ao conceito de se afastar das distrações, das diversas e malvadas distrações que estão corrompendo o mundo das relações interpessoais.

Em casa estamos sempre tentando ficar de olhos abertos quando o assunto é o uso de smartphone quando estamos próximos das meninas.

Pode esquecer se você acha que vou dizer que eu e a Cláudia somos pais perfeitos e jamais somos flagrados pelas meninas com o tal aparelhinho na cara, nos privando de ver nossas filhas crescerem. Tá, exagerei, mas queria te dizer que nós erramos, assim como muitos de vocês também erram nesse ponto.

O mais cruel, se posso assim dizer, é quando se ouve especificamente uma queixa do tipo “papai não tá vendo porque tá olhando pro celular” ou “mamãe tá ocupada com o telefone”.

Vale dizer que em casa praticamente não usamos a TV para “consumo próprio”. Maior parte do tempo é pra uso delas. E não é tanto tempo assim. Ontem mesmo, no início da noite, quando a galera se reuniu em casa (eu e a Cláudia estávamos trabalhando e as meninas com a nova babá, aos olhos da mãe), as meninas chegaram loucas para ver o P J Masks. Marília tentando pronunciar isso, por sinal, é algo de fofura extrema e agarrões quase inevitáveis.

Mas não cedemos à pressão. Aliás, sempre impusemos limites aqui em casa. Mesmo que o casal tivesse alguns assuntos importantes a serem tratados, coisas do dia que estava acabando e que gostaríamos de compartilhar. Mas sabemos que aquilo era importante, mas não era prioridade.

O que fizemos foi proporcionar um momento em família, através de um jogo que poderia nos envolver. Nos sentamos e jogamos, rimos, aprendemos, rimos mais, desenvolvemos habilidades (nos quatro!), enquanto mostrávamos às meninas que tinha programa mais interessante que o desenho que elas chegaram fazendo coro para assistir.

Isso que fizemos, na minha opinião, foi dedicar tempo de qualidade. Não pelos ensinamentos, ou pelas habilidades desenvolvidas, mas pela presença integral dos pais e das crianças no mesmo propósito, na mesma atividade, no mesmo clima.

E não nos custou nada!

Não precisamos de muita coisa para criarmos situações com o tempo de qualidade com as crianças. Só precisamos nos desconectarmos da nossa vidade de adulto um pouco.

Sabem por que resolvi falar disso hoje? Porque um amigo, na porta da escola, me disse que ele não é um pai tão bom quanto eu, o que logo discordei. Um dos argumentos dele é que eu teria mais tempo pras meninas. Assunto pra outro post? Bora!

Bons sonhos!

Desafio de 3 horas offline

Parece ser um desafio fácil, simples, e até bobo.

Parece moleza conseguir ficar 3 horas completamente offline.

Vamos dificultar?

Essas 3 horas devem ser escolhidas durante o dia. Enquanto você dorme, não vale.

Vamos dificultar mais?

Essas 3 horas devem ser completamente enquanto seus filhos estão por perto.

Mais?

Não vale sequer se lembrar que seu smartphone está no bolso, bolsa, ou ao alcance.

Spoiler: vai ser muito bom, tanto pra você, quanto pra criança. Vamos à história, porque é o que eu sei fazer de melhor…

Parei na escola às 11:00 da manhã, e já comecei a conversa com um outro papai, um dos poucos no meio da maioria absoluta de mamães (e babás) que aguardam as crianças. Ficamos ali conversando sobre o evento do fim de semana, e de como ações assim são necessárias para derrubar preconceitos e desconstruir verdades que afastam muitos “pais” (sim, entre aspas mesmo!) da rotina e das atividades dos seus filhos.


11:30 o portão abriu, e entramos na escola. De longe, no campo de visão do portão de entrada, avistei Marília e vi que os olhares se cruzaram. Ela parecia bem, e já mandei um sorrisão que foi prontamente respondido. Sinalizei, do meu jeito, que iria até a Camila primeiro, depois voltaria para pegá-la. Ela sabe que quando tem balé da Camila eu passo lá primeiro. Ganhei um “joinha” de aprovação. Passei na Camila, cumprimentei, ganhei meus abraços, me despedi (com a promessa diária de que eu voltaria para buscá-la), peguei sua mochila e fui pra sala do maternal. Ali costumo causar o caos total quando apareço na janela. A professora não deve gostar nada disso, mas…


Marília saiu comigo e ofereci 2 opções: esperar Camila durante a aula de balé, e assim ela poderia brincar até o horário do fim da aula; ou irmos pra casa pra ela almoçar enquanto eu voltaria para buscar Camila. Claro que ela, sem pensar muito, optou pela primeira opção.
Seu primeiro pedido foi que brincássemos de lobo e porquinho. Porquinhos, na verdade, porque assim que começamos a brincadeira, outros vários colaboradores aparecem. Corre daqui, assopra dali, finge estar dormindo, corre pra lá, e logo escalei alguns outros “lobinhos” para me auxiliar na captura dos “porquinhos”.


Primeiro problema: Marília, na tentativa de fugir, acabou acertando com os pés o rosto de uma coleguinha. Sim, teve choro, e o papai aqui parou a brincadeira para um pedido de desculpas (tranquilo) e pra resgatar a “lobinha” pra lida.


Corre daqui, grita dali, foge, se escondem dentro da casinha de plástico do pátio da escola, até que o segundo problema apareceu: derrubaram a porta da casinha de plástico. Papai verificou que ninguém havia se machucado e fui tentar colocar a porta de volta. Não consegui. Chamei todos os coleguinhas para irmos até o zelador explicarmos o que havia acontecido, para que assumissem todos a responsabilidade pelo ocorrido. Assim foram, correndo, e contaram tudo ao zelador, que os tranquilizou.


Então fomos esperar na porta da saída do balé até Camila sair. Peguei as duas e fomos pro carro. De lá deixei as meninas e fui trabalhar.


Foram 3 horas sem sequer me lembrar das maravilhas da tecnologia de bolso.


Foram 3 horas completamente desconectado do Whatsapp, Instagram, ou seja lá o que for. E tinha postagem pra fazer, respostas para dar, mas mesmo assim eu desconectei. E sabe qual a sensação? Foi ótimo! Me senti tão bem quando vi que havia feito isso de forma natural.

Não fiquei offline 3 horas por conta de reunião, ou de trabalho, ou de sono. Foram 3 horas offline de contato com minhas filhas, e isso não tem valor.


Experimente. Se achar que 3 horas é muito, comece com 30 minutos.


Vamos nos conectar mais com nossos filhos.


Bons sonhos!